O lugar pertinente ao negro: rudeza e sutileza da memória dominante em Motta Coqueiro ou a pena de morte.
Resumo
A subalternidade a respeito do negro na sociedade brasileira perpassa, em grande medida, pela perpetuação de uma memória coletiva dominante, que vê o negro como sinônimo de um ser inferior em comparação ao homem branco; e que enxerga também o negro como um ser humano lascivo e promíscuo. Às vezes, de modo claro; outras vezes, de forma implícita, mas fortemente uma memória dominante anti-negro, estabelecendo assim uma hierarquia racial na sociedade, arquitetada para inferiorizar socialmente o negro. A Literatura Brasileira, no século XIX, desnudava recorrentemente tal problemática. Neste sentido, o presente artigo é resultante de estudos sobre o primeiro romance de José do Patrocínio, Motta Coqueiro ou a Pena de Morte, publicado em 1877, e raramente discutido na História ou na Literatura Brasileira.