GOVERNAMENTO DA IDENTIDADE DOCENTE: IMPLICAÇÕES CURRICULARES
Resumo
Este trabalho busca discutir as relações entre currículo e governamento da conduta docente, principalmente a partir da regulação que as políticas públicas em educação estabelecem aos educadores da educação básica, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A partir das contribuições dos Estudos Culturais, o currículo é considerado, neste texto, como artefato cultural, centralmente produtivo, realizado através de relações sociais, o que o caracteriza como um discurso que corporifica narrativas sobre os indivíduos e a sociedade, constituindo-os como sujeitos (SILVA, 1995). Desta forma, há a imposição de uma identidade aos/às professores/as – a identidade do professor do Brasil democrático (ARAÚJO; FERREIRA, 2011), formador do cidadão crítico e empregável (ARROYO apud COSTA, 2007) – quando se restringe a ação dos docentes sobre o currículo à reprodução de noções previamente estipuladas por reformas educacionais. O contexto histórico brasileiro que se avizinha à promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (Lei 9394/96 – LDB), período de intensa interferência dos interesses do capital internacional nas políticas educacionais brasileiras (SILVA, 2002), também faz parte dessa análise, como determinante do currículo instituído pelos PCNs que, por sua vez, são vistos aqui como um discurso regulador da docência.