A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A LEGITIMAÇÃO DA INJUSTIÇA AMBIENTAL NO SUDESTE DO PARÁ: EM QUESTÃO O DISCURSO DA SUSTENTABILIDADE DA COMPANHIA VALE EM CANAÃ DOS CARAJÁS

Autores

  • Alexandre Macedo Pereira Universidade Federal do Rio Grande - FURG
  • Luis Fernando Minasi Universidade Federal do Rio Grande-FURG
  • Cinara Karam Menegotto Universidade Federal de Rio Grande - FURG
  • Marta Regina Cezar Vaz Universidade Federal do Rio Grande-FURG

Resumo

Nos séculos 20 e 21, a Amazônia paraense vem sofrendo profundas transformações políticas, econômicas e socioambientais. Essas transformações têm impactado a vida, humana e não humana nesse cenário, pois promovem relações socioambientais insustentáveis para as populações da Amazônia, estabelecendo, portanto, um cenário de injustiça ambiental. Com o discurso do desenvolvimento, os grandes empreendimentos mineradores têm invadido áreas de preservação, deslocado comunidades, promovido o represamento e alterações do curso de rios, contaminado o lençol freático, sobrecarregado o sistema de saúde e educacional dos municípios, produzido bolsões de miséria nas vilas e na cidade, inflacionado e estimulado a especulação imobiliária, empurrando as famílias pobres para áreas inadequadas à habitação, particularizando a riqueza e socializando a injustiça. Esse é o cenário do município de Canaã dos Carajás, situado na região sudeste do estado do Pará, e, particularmente, a situação da vila Bom Jesus, foco da pesquisa. A vila Bom Jesus (VBJ), situada a aproximadamente 34 km da sede do município, no complexo Grande Carajás, região sudeste do Estado, , foi fundada no ano de 1983, resultado do processo de colonização implementado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantis - GETAT. Na sua formação, a Vila possuía aproximadamente 60 casas e uma população estimada em 350 pessoas, atualmente possui aproximadamente 300 casas e uma população estimada em 1.200 pessoas. A principal atividade econômica da comunidade era agricultura familiar, porém esta atividade entrou em declínio, consequência da perda das terras para a empresa Vale e a cooptação dos jovens pelo discurso do emprego nessa empresa, o sonho de consumo dos filhos dos colonos. Além do trabalho agrário, a comunidade desenvolveu a atividade de garimpo, uma vez que a área onde hoje está instalada a Mina do Sossego era, além de assentamento agrícola, um garimpo artesanal de exploração de ouro. Nesse contexto, a Educação Ambiental (EA) tem atuado como instrumento ideológico que reproduz o interesse do capital e legitima a violência simbólica e material sobre as populações no entorno do empreendimento. É uma educação que ignora os aspetos culturais consolidados das populações instaladas na região desde a década de 1970 e as condições de degradação socioambiental a que estão submetidas essas populações; e imputa-lhes a responsabilidade da degradação ambiental, nega os conflitos e atua como elemento de mediação que propicia o “diálogo” entre a empresa e a comunidade com vistas à “sustentabilidade”. É, portanto, uma educação ambiental acrítica, conservadora e a serviço dos interesses dos empreendimentos. Este artigo analisa o Programa de Educação Ambiental - PEA - do Projeto Sossego (da empresa Vale), implementado no município de Canaã dos Carajás, sudeste do estado do Pará, e tem por objetivo problematizar a função e o discurso da EA da empresa Vale, no Projeto Sossego, e os impactos do mesmo sobre a população da vila Bom Jesus. A pesquisa realizada é de caráter exploratório e descritivo, fundamentado no pressuposto teórico-metodológico materialista dialético e foi realizada no período de 2010 e 2011 na vila Bom Jesus e na sede do município de Canaã dos Carajás-Pa.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental. Sustentabilidade. Gestão Ambiental. 

Biografia do Autor

Alexandre Macedo Pereira, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Doutorando em Educação Ambinetal, Mestre em Gestãoi Ambiental, Especialista em Psicopedagogia e Pedagogo.

Luis Fernando Minasi, Universidade Federal do Rio Grande-FURG


cpia de dsc01312Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1971) , graduação em Pedagogia - Habilitação 2º Grau e Adm. Escolar pela Universidade de Passo Fundo (1979) , especialização em Fenomenologia da Educação pela Universidade Federal de Pelotas (1980) , especialização em Metodologia de Ensino pela Universidade Federal de Pelotas (1981) , mestrado em Filosofia e História da Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1997) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008) . Atualmente é Professor 3º Grau da Universidade Federal do Rio Grande e Representante dos docentes da FURG do Conselho Municipal de Educação do Município do Rio Grande. Tem experiência na área de Sociologia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Educação, História, Filosofia.

Cinara Karam Menegotto, Universidade Federal de Rio Grande - FURG

Doutoranda em Educação Ambiental e Médica

Marta Regina Cezar Vaz, Universidade Federal do Rio Grande-FURG

Possui graduação em Enfermage

Downloads

Publicado

2014-10-29

Como Citar

Pereira, A. M., Minasi, L. F., Menegotto, C. K., & Vaz, M. R. C. (2014). A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A LEGITIMAÇÃO DA INJUSTIÇA AMBIENTAL NO SUDESTE DO PARÁ: EM QUESTÃO O DISCURSO DA SUSTENTABILIDADE DA COMPANHIA VALE EM CANAÃ DOS CARAJÁS. Revista De Educação, Ciências E Matemática, 3(3). Recuperado de https://publicacoes.unigranrio.edu.br/recm/article/view/2136