SÍNDROME DA MULHER-MARAVILHA: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL SOBRE OS IMPACTOS NA VIDA DAS MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS
Palavras-chave:
Síndrome da Mulher-Maravilha, Interseccionalidade, MulherResumo
Exaustas! Sim, em uma sociedade capitalista e patriarcal a inserção das mulheres no mercado de trabalho não significou a divisão igualitária dos afazeres, que continuam socialmente vistos como obrigações e atribuições exclusivas delas. Dessa forma, a sociedade exige alta performance, como se estabelecesse um padrão de Mulher-Maravilha, usando a analogia da personagem dos quadrinhos. Pesquisas apontam que há uma crescente no número de mulheres acometidas por problemas de saúde mental e físicos, fruto da pressão imposta para dar conta das multitarefas, do acúmulo de funções acrescido à expectativa social para alancar padrões praticamente inatingíveis, em múltiplos campos de sua vida, levando a “Síndrome da Mulher-maravilha”. Em particular, destaca-se a mulher negra que enfrenta uma série de desafios adicionais, desde a falta de representatividade nos espaços de poder, a violação de seus direitos humanos fundamentais, até a precariedade econômica resultante de décadas de discriminação estrutural. Além disso, a interseccionalidade emerge como uma lente crucial para entender as complexas interações entre raça, gênero e classe, destacando como esses sistemas de opressão se entrelaçam e se reforçam mutuamente. Diante disso, este ensaio visa discutir os impactos da interseccionalidade de gênero, raça e classe social na vivência da “Síndrome da Mulher-Maravilha”, no contexto do mercado de trabalho contemporâneo, analisando os fatores contribuem para a sua sobrecarga de responsabilidades e, consequentemente, o esgotamento físico e psicológico das mulheres negras e periféricas. Trata-se de um trabalho bibliográfico, exploratório e argumentativo, por meio de um estudo interpretativo e reflexivo.
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