O MEDO E A VIOLÊNCIA: PERSPECTIVAS DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Palavras-chave:
Emoção Medo, Agente Comunitário de Saúde, ViolênciaResumo
Este estudo surge da percepção de como a emoção medo se manifesta de maneira múltipla no cotidiano das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). A atuação dessas profissionais é atravessada por diversas formas de violência e conflitualidade, uma vez que trabalham e/ou residem em territórios marcados por vulnerabilidades sociais, raciais, etárias, estruturais e de gênero. O exercício da profissão vai além da prática em saúde, pois, em muitos casos, as ACS representam a única presença estatal nos territórios, sejam eles periféricos ou não. O objetivo desta pesquisa é compreender como a emoção medo se faz presente no trabalho das ACS da Prefeitura Municipal de Fortaleza, a partir do “Curso de Aperfeiçoamento Cuidando dos Conflitos e Prevenção à Violência nos Territórios”. Identificamos duas faces dessa emoção: de um lado, o medo associado à violência dos territórios onde atuam; de outro, o desafio de expressá-lo no coletivo de pares durante o Curso. O referencial teórico dialoga com a sociologia e a antropologia das emoções, explorando autores que tratam as emoções como ferramenta analítica. A abordagem metodológica é qualitativa, utilizando círculos de construção de paz, escuta ativa, formulários diagnósticos, entrevistas em profundidade, diários de campo e observação participante. As considerações não são conclusivas, porque buscamos fomentar reflexões sobre como o medo é percebido e vivenciado pelas ACS em sua prática profissional nos territórios.
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