VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: IMPACTOS PSICOLÓGICOS, BARREIRAS À DENÚNCIA E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Autores

Palavras-chave:

Violência doméstica, saúde mental, enfrentamento, interseccionalidade.

Resumo

A violência doméstica contra a mulher configura-se como uma grave violação dos direitos humanos e um problema de saúde pública de grande complexidade. No Brasil, mesmo após avanços legislativos como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, os índices de feminicídio e subnotificação permanecem alarmantes, especialmente entre mulheres negras, periféricas e de grupos vulnerabilizados. Este estudo tem como objetivo analisar os impactos psicológicos da violência doméstica, as barreiras que dificultam a denúncia e as estratégias de enfrentamento disponíveis. Para isso, utiliza-se uma abordagem de revisão bibliográfica e análise de dados secundários extraídos de bases científicas e relatórios oficiais. Os resultados apontam que a violência doméstica provoca sérios danos à saúde mental das vítimas, como depressão, transtorno de estresse pós-traumático e ansiedade, além de alterar o funcionamento neuropsicológico. Identificam-se, ainda, múltiplos obstáculos à denúncia, como a dependência emocional e financeira, o medo de retaliação, a culpabilização da vítima e a ineficácia das redes de apoio. A pesquisa também destaca a reprodução transgeracional da violência e a necessidade de políticas públicas interseccionais, com foco na prevenção, acolhimento e responsabilização dos agressores. Conclui-se que o enfrentamento da violência doméstica exige ações articuladas entre os setores da saúde, justiça, educação e assistência social, bem como a ampliação de estratégias de suporte que empoderem as mulheres e rompam o ciclo da violência.

Biografia do Autor

Clystine Abram Oliveira Gomes, Universidade Celso Lisboa

Coordenadora e professora da Pós-Graduação em Hipnose Clínica da Saúde e Hospitalar (UCL), Coordenadora Adjunta e professora da Pós-Graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental e Novas Tendências (UCL), Mestre em Psicologia (Universo), Especialista em  Psicologia do Trabalho e Organizacional (UCL), Especialista em Sexualidade Humana (IBMR), Especialista em TCC (SPEI), Especialista em Hipnose Clínica, Hospitalar e Organizacional (SPEI), Especialista em ABA (Líbano), Especialista em Neuropsicologia (Líbano), Especialista em Psicologia Clínica (CRP).

Márcia Regina Castro Barroso, UNIGRANRIO

Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Culturas e Artes (PPGHCA) da UNIGRANRIO, Psicóloga CRP:05/73483; Professora UNESA no curso de Psicologia; Pós-Doutorado em Sociologia (FAPERJ-PPGSA-IFCS-UFRJ); Doutora em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ com período sanduíche em Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris); Mestre em Ciências Sociais e Jurídicas pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da UFF; Especialista em História do Brasil pela Universidade Cândido Mendes (UCAM); Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela UFRJ e Bacharel e Licenciada em História pela UFF. Especialização em Neuropsicologia (CAAESM). Tem se dedicado a temas tais como: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC); Psicologia, Sociologia e Trabalho; Transformações no mundo do trabalho: uso de novas tecnologias no processo produtivo e a saúde do trabalhador; Imigração e Trabalho; Educação Inclusiva. Coordenadora do Grupo de Pesquisa: Estudos Interdisciplinares em Saúde, Trabalho, Educação e Sociedade (SATEDES)

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Publicado

2025-11-03

Como Citar

Clystine Abram Oliveira Gomes, & Barroso, M. R. C. (2025). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: IMPACTOS PSICOLÓGICOS, BARREIRAS À DENÚNCIA E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO. Revista Magistro, 1(31), 49–66. Recuperado de https://publicacoes.unigranrio.edu.br/magistro/article/view/9470

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Seção

Artigos