OS SABERES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NAS DÉCADAS DE 1970 E 1980: O CASO DO PROJETO LOGOS II

Resumo

Em 1976 foi implantado em 19 estados da federação um programa de habilitação de professores não-titulados denominado Projeto Logos II. Ele funcionou nos moldes do ensino a distância via sistema modular e seu objetivo era formar professores em nível de 2º Grau (magistério) para atuar nas quatro primeiras séries do 1º Grau sem tirar tais profissionais da sala de aula. A sua grade curricular englobava os conteúdos de 5ª a 8ª série do 1º Grau e o 2º grau (Formação Geral) somada as disciplinas inerentes aos saberes docentes (Formação Especial). Nessa última categoria constava a disciplina de Didática das Ciências Físicas e Biológicas, responsável pela formação do professor-cursista. Mas o que tratava essa disciplina? Qual o papel dela na formação do professor polivalente? Para tentar responder essa questão, o presente artigo tem como objetivo elaborar uma história sobre a disciplina de Didática das Ciências Físicas e Biológicas no Projeto Logos II. As fontes foram os módulos da disciplina em questão, o projeto-piloto do Logos II, o registro do CETEB sobre o Logos II e as legislações educacionais da época. Como referencial teórico-metodológico utilizamos o paradigma indiciário de Ginzburg (1989) e a triangulação de dados de Mathison (1988). Os principais resultados foram que o currículo do Projeto Logos II e, consequentemente, o material didático direcionado para o ensino de ciências não fugiu das prescrições do seu tempo, ou seja, não infringiu a legislação educacional obrigatória ou destoou das concepções de ciências da época.