LITERATURA PERIFÉRICA E SEU INTELECTUAL PRODUTOR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Palavras-chave:
Rap literário, contemporaneidade, intelectual periférico, representação, autorrepresentação.Resumo
A Literatura Periférica, Vira-lata, Marginal é uma manifestação quase que exclusivamente produzida por escritores oriundos de periferias urbanas dos grandes centros. Partindo desse pressuposto, o presente trabalho busca descortinar como se manifestam às relações de representação e auto-representação nessa forma de narrativa em detrimento ao modo de representação utilizada pelos modernistas. Entende-se aqui que essa nova manifestação literária colide com à chamada Tradição Modernista, onde autores como Graciliano Ramos, Clarice Lispector, João Cabral, Guimarães Rosa, entre outros, pertencentes a classes sociais altamente letradas produziram uma literatura que tomou para si a função de representar as classes marginalizadas (principalmente o nordestino, o sertanejo e o negro favelado). Fez isso por meio de um discurso alocado na boca de personagens subalternamente caracterizados (possivelmente uma consequência, pela não alfabetização logo o não letramento), como Fabiano, de Vidas Secas (1938); Macabéa, de A Hora da Estrela (1977); Severino, de Morte e Vida Severina (1955-6) e Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas (1956). Com o espraiamento dessa tradição, a função que desempenhava seus intelectuais (o de representante das classes subalternas) fica vaga. Esse é o norteador da hipótese principal aqui levantada, a saber: essa função, que por muito tempo foi desempenhada pelos intelectuais modernista, é, agora, reivindicada e tomada por indivíduos oriundos das margens sociais (o intelectual marginal), porém com diferentes intenções.