MEMÓRIA INDIVIDUAL E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM INFÂNCIA, DE J. M. COETZEE
Palavras-chave:
Memória. Criação literária. Coetzee.Resumo
A partir da segunda metade do século XIX, o entendimento tradicional de memória individual como registro transparente do passado começa a ser desafiado. Pelo contrário, passa a ser reconhecida a interferência ativa do indivíduo na produção de seus acervos de memórias. A memória individual, desde então, vem sendo percebida enquanto construção subjetiva, narrativa, permeada pela imaginação, e, passível de concatenação justamente por ser entremeada pelo esquecimento. O texto autobiográfico lida com essa interferência do sujeito na produção de memória, já que o texto autorreferente nunca estará livre da parcialidade do ponto de vista de seu autor. O objetivo deste trabalho é analisar o livro Infância, do escritor sul-africano J. M. Coetzee, verificando a abordagem da memória nesta obra que, apesar de ser um registro de cunho autobiográfico, emprega um narrador em terceira pessoa, e no tempo verbal presente (present tense). As asserções de Beatriz Sarlo, Eurídice Figueiredo e Luiz Costa Lima, entre outros, embasarão este estudo, onde procura-se verificar a utilização da memória individual, não só como tema, mas também matriz e substrato para criação literária.