Exilados: seres condenados à alteridade perpétua
Resumo
O exilado sofre de alteridade perpétua por ser sempre considerado como “outro” em qualquer lugar do mundo. Ele vive uma mestiçagem cultural resultante da bagagem cultural de suas raízes com as práticas sócio-culturais da terra de asilo. O exílio, diferentemente da simples emigração, nunca foi algo suave ou desejado porque sempre teve o caráter de exclusão, eliminação e castigo. Isso cria, no exilado, um traumatismo, um sentimento de perda que o migrante comum não sente necessariamente na mesma proporção. O afastamento do exilado de sua terra cria o anonimato e, conseqüentemente, uma crise de identidade, que gera uma sensação de perda – que, na psicanálise, aparece como a morte da mãe, tal qual o luto. Mesmo quando o fim do exílio torna-se uma realidade, o “ex-exilado” continua tendo choques culturais em sua própria terra, ou seja, ele continua sendo o “outro”.
Palavras-chave: exílio, identidade nacional, alteridade, Angola, mestiçagem cultural.