v. 9 n. 1 (2019)

A Universidade, seja ela pública ou privada, pressupõe a observância de três pilares fundamentais de maneira indissociável: o ensino, a extensão e a pesquisa. Mas em tempos de recursos escassos e elevada competitividade, em que o pesquisador precisa realizar múltiplas tarefas, é extremamente difícil viabilizar pesquisas que sejam de qualidade.

Neste sentido, um periódico de grande circulação nacional publicou um artigo cujo título procurava dar a ideia de como está sendo tratada a pesquisa no Brasil ao contemplar que “a grande maioria dos brasileiros matriculados nas nossas “boas universidades” não frequenta ambientes nem convive com pesquisadores e instituições de ponta.”

Na matéria, foram colacionados depoimentos de pesquisadores de várias áreas, ficando evidenciado que “a tese central é que, na ciência e na pós-graduação, quantidade não gera qualidade. O modelo de expansão do ensino superior e da pós-graduação – como de resto todo o modelo geral do “avanço” educacional no país – foi baseado na ideia de mais, mais e mais. No caso do ensino superior ainda houve um complicador: o modelo da expansão estava baseado no conceito da “Universidade” como paradigma (único) e no princípio (inscrito na Constituição brasileira) da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Como consequência, todo professor precisa ter mestrado ou doutorado. Resultado: produção em massa de mestres e doutores.  Mesmo a flexibilização de modelos intermediários de faculdades isoladas e centros universitários ficou marcada pelo formalismo das exigências acadêmicas.”

Indubitavelmente, realizar pesquisa no Brasil não é tarefa fácil pois, como acentuado anteriormente, há escassez de recursos financeiros; limitação de equipamentos e espaços adequados; necessidade do pesquisador em realizar múltiplas tarefas; além da busca de resultados para atender as demandas Institucionais e de mercado que tem propiciado um quadro de pesquisadores com doenças psicológicas por não conseguirem alcançar as metas.

Particularmente, vejo a pesquisa como um sacerdócio, onde identificam-se pesquisadores vocacionados e felizes, que conseguem alcançar resultados satisfatórios simplesmente por realizarem o que gostam ainda que em circunstâncias adversas, como acima mencionado, e sem problemas para alcançar e cumprir com as metas impostas pelo mercado; e os pesquisadores que estão preocupados apenas em cumprir com os números e veem, muitas vezes, a pesquisa como sendo um fardo em suas vidas.

A Revista de Direito do Curso de UNIGRANRIO, interessada na difusão do conhecimento de qualidade e não massivo, brinda o público com mais um número. Para esta edição foram selecionados apenas 02 artigos para cada uma das 03 seções existentes (corpo docente, corpo discente e externos), perfazendo o total de 06 artigos do periódico; Além disso, foi também transcrita uma palestra proferida por ocasião da abertura da Semana Jurídica, no campus de Duque de Caxias, proferida no dia 06 de maio de 2019. Apesar da safra não ser abundante, em tempos de crise, a colheita é boa, com artigos de excelente qualidade, pelo o que recomendo e desejo boa leitura a todas e todos!

 

Duque de Caxias, 10 de maio de 2019

Prof. Dr. Sidney Guerra

Editor

Publicado: 2019-05-10